quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A TOCAIA
Essa história se passou há muito tempo atrás.
Havia um fazendeiro que possuía terras extensas e era conhecido como Coronel Nunes. Ele era casado com a jovem Rosena, moça de boa família da região. Juntos, ele tiveram 10 filhos.
Um dia, um fazendeiro de outras paragens, acabou comprando as terras vizinhas ao do Coronel Nunes e, a partir, a guerra começou.
Aparentemente, havia uma discrepância na escritura das terras, fazendo com que fosse dúbia a região da divisória. Com isso, eles estavam sempre brigando sobre onde deveria passar a cerca que separava as posses de cada um. Claro, cada um empurrando a cerca de forma a aumentar suas terras.
Essa luta se estendeu por muito tempo, sem nunca um vislumbre de acordo. Então, o outro fazendeiro resolver tomar uma medida mais drástica: tramou o assassinato do Coronel Nunes.
Mas o Coronel tinha aliados, e acabou informado da conspiração e partiu para as terras de um conhecido, para planejar o que fazer a seguir.
Inconformado, o inimigo tramou um plano ainda funesto. Para atrair o coronel de volta, atacou sua família.
Pagou uma velha escrava forra para dar fim a Rosena, que a visitava com frequência. Atraída pelo dinheiro, a velha envenenou os biscoitos que ofereceu a jovem, que morreu algumas horas depois. A velha acabou não suportando o remorso pelo que fez e suicidou-se no dia seguinte.
Com isso, as crianças ficaram sozinhas e o Coronel Nunes teve de voltar. Vinha a cavalo sem saber o que o aguardava. Uma tocaia numa curva da estrada e, com um tiro, chegava ao fim sua jornada.
Houve uma grande comoção na região e as pessoas se revoltaram contra o fazendeiro inimigo, que teve de fugir com sua família, abandonando suas terras, para não acabar preso ou morto.
Minha avó não sabia mais detalhes da história. Ela e seus irmãos foram espalhados entre parentes, madrinhas e conhecidos e foram criados distantes. Ela nunca soube a origem de seus pais, de onde eles haviam vindo.
Hoje, ao passar pela região, é possível ver uma grande extensão de terra abandonada, coberta de capim alto. E, olhando com cuidado, vê-se o que restou de uma cerca velha, toda corroída, esquecida no tempo.
Fabiana

Campinas, 11/12/2013.

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