A
TOCAIA
Essa história se passou há muito tempo atrás.
Havia um fazendeiro que possuía terras extensas e era
conhecido como Coronel Nunes. Ele era casado com a jovem Rosena, moça de boa
família da região. Juntos, ele tiveram 10 filhos.
Um dia, um fazendeiro de outras paragens, acabou
comprando as terras vizinhas ao do Coronel Nunes e, a partir, a guerra começou.
Aparentemente, havia uma discrepância na escritura das
terras, fazendo com que fosse dúbia a região da divisória. Com isso, eles
estavam sempre brigando sobre onde deveria passar a cerca que separava as
posses de cada um. Claro, cada um empurrando a cerca de forma a aumentar suas
terras.
Essa luta se estendeu por muito tempo, sem nunca um
vislumbre de acordo. Então, o outro fazendeiro resolver tomar uma medida mais
drástica: tramou o assassinato do Coronel Nunes.
Mas o Coronel tinha aliados, e acabou informado da
conspiração e partiu para as terras de um conhecido, para planejar o que fazer
a seguir.
Inconformado, o inimigo tramou um plano ainda funesto.
Para atrair o coronel de volta, atacou sua família.
Pagou uma velha escrava forra para dar fim a Rosena,
que a visitava com frequência. Atraída pelo dinheiro, a velha envenenou os
biscoitos que ofereceu a jovem, que morreu algumas horas depois. A velha acabou
não suportando o remorso pelo que fez e suicidou-se no dia seguinte.
Com isso, as crianças ficaram sozinhas e o Coronel
Nunes teve de voltar. Vinha a cavalo sem saber o que o aguardava. Uma tocaia
numa curva da estrada e, com um tiro, chegava ao fim sua jornada.
Houve uma grande comoção na região e as pessoas se
revoltaram contra o fazendeiro inimigo, que teve de fugir com sua família,
abandonando suas terras, para não acabar preso ou morto.
Minha avó não sabia mais detalhes da história. Ela e
seus irmãos foram espalhados entre parentes, madrinhas e conhecidos e foram
criados distantes. Ela nunca soube a origem de seus pais, de onde eles haviam
vindo.
Hoje, ao passar pela região, é possível ver uma grande
extensão de terra abandonada, coberta de capim alto. E, olhando com cuidado,
vê-se o que restou de uma cerca velha, toda corroída, esquecida no tempo.
Fabiana
Campinas, 11/12/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário