OS
MARIMBOMDOS
Estávamos na casa de um tio meu, que mora em Minas Gerais.
Era muito cedo, mas as crianças não se importam de levantar bem cedo.
Eu tinha por volta de 9 anos e saí para o quintal
tomando uma caneca de leite puro, tirado da vaca a menos de uma hora. Devo
dizer que é um leite bem interessante de ser consumido e qualquer dia vou
contar sobre como aprendi a tirar leite.
Caminhei pelo quintal, apreciando a vista, apesar de
grande parte dela ser um cafezal que se estendia até onde a vista alcançava.
Meus primos, de idade próxima a minha, também se
levantaram e foram para o quintal. Em grande parte já fazendo uma algazarra
imensa.
Eu continuei caminhando com minha caneca até parar
debaixo de uma janela. Nem atentei para o fato de que no teto, acima desta
janela, havia um cacho de marimbondos, que neste momento levavam suas vidas
tranquilamente.
Observei minha prima passar por mim, observando algo
muito alto, mas novamente não me interessei em procurar o que era. Foi um
grande engano.
Quando estava a uma certa distância, minha prima pegou
um punhado de areia e jogou em algo acima de mim. Só neste momento desviei
minha atenção para o que seria, mas já era tarde. Senti uma dor forte no braço
e corri, com os marimbondos em meu encalço.
Foi uma corrida desesperada. Levei outras três
picadas. E então me refugiei dentro de casa. Mais calma, pude ouvir os gritos
de minha prima, de quem eu havia esquecido completamente com a dor e que ainda
estava lá fora. Gritei para que ela entrasse e fechamos a porta.
Vi meu braço inchado e vermelho, mas tomei um susto ao
olhar para ela: seu rosto estava muito inchado, já que todas as suas picadas
foram no rosto.
No lugar em que estávamos não há atendimento médico,
não há nada. Nosso socorro foi minha tia procurando ferrões e meu tio passando
pinga para “desinfetar”o local das picadas.
Senti ódio de minha prima, mas depois de algum tempo
olhando para ela acabei perdoando. Afinal, ela ainda ficou com a pior parte.
No fim das contas, a lição é: não mexa com
marimbondos. Simples assim.
Fabiana
Campinas, 11/12/2013.
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